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Sobre o olhar da família e a relação entre o cuidador e o idoso

As relações familiares mudam com o passar dos anos. Em algum momento e para todos nós, nossos pais ou um ente querido terá chegado à fase dos 60+, e alguns podem precisar de um suporte, de um apoio especializado, de um cuidado durante o dia todo ou por algumas horas.

É um momento difícil. A maioria das famílias tem um cotidiano intenso e agitado e, consequentemente, filhos ou entes queridos sentem-se impotentes para cuidar de um familiar idoso ou já aposentado. Não dão conta de assistí-lo da forma que gostariam, tampouco de vê-lo com frequência. É natural que se desenvolva um sentimento de culpa, de fragilidade, e de necessidade de um novo rumo.

O que é preciso entender sobre a velhice é que, além das alterações fisiológicas naturais dessa fase, pode haver um declínio das interações sociais e mudanças no comportamento emocional. A pessoa idosa muitas vezes deixa de fazer algumas atividades porque não se sente produtivo, isola-se por achar que não tem nada para oferecer e, frequentemente, não quer estar perto das pessoas. Desta forma, os familiares devem estar atentos para não deixar que o ente querido sofra depressão e desenvolva doenças que surgem devido ao seu estado emocional.
O idoso lúcido e ativo pode não necessitar de grandes cuidados, mas a família pode desejar apenas que ele seja atendido por um acompanhante, por alguém que lhe faça companhia para que não se sinta solitário e deprimido. Ao contrário, a família quer que ele se sinta confortado por um braço amigo, por alguém que, sobretudo, o incentive a continuar a viver com qualidade.

Já o idoso com problemas cognitivos e/ ou físicos requer maiores cuidados e atenção e a família, neste caso, precisa de um cuidador especializado em idoso. É extremamente importante que ele tenha feito curso de formação de cuidados para idosos, pois esse é um público com uma série de especificidades e particularidades que exigem um olhar diferenciado.

Seja acompanhante ou cuidador, o fato é que estas pessoas passam a fazer parte da rotina da casa, e ficam uma boa parte do tempo dentro do lar, participando da vida familiar. Por isso é importante estarmos sempre atentos para a relação entre o cuidador e o idoso, que deve ser saudável e harmoniosa. Colocar alguém dentro do lar de alguém que amamos exige confiança extrema.

Se o idoso é lúcido e faz queixas, o familiar precisa estar atento e saber distinguir se as críticas são pertinentes ou mera implicância. No caso de ele se recusar a comer ou a praticar alguma atividade na presença do cuidador, investigue o porquê desta ocorrência.
Há que se ter sempre uma escuta ativa de qualidade.

No caso de um idoso que tenha Alzheimer ou alguma demência, a atenção deve ser redobrada . Mesmo ele não tendo uma maneira clara de se expressar, ele sinaliza com algumas manifestações a que devemos ficar atentos. É importante que se preste atenção se ele manifestar desconforto na presença do cuidador, se apresentar mudança súbita de humor, mostrar-se abatido repentinamente, apresentar alteração de peso e aspecto físico geral sem motivo aparente, se ele cair ou se machucar.

Sugerimos que a família providencie câmeras de segurança na casa do idoso sempre que possível.
Há atitudes que a família não deve compartilhar, como um cuidador infantilizar a pessoa idosa. Afinal, não se trata de uma criança, e sim de um ser que carrega uma longa história de vida, experiências e lembranças, e que está aos seus cuidados e deve ser respeitado.
Dar ordens ao idoso também não deve ser praticado. Há maneiras e modos gentis de instruí-lo para seu bem. Censurá-lo, advertí-lo ou fazer ameaças gera medo e insegurança profunda no idoso fragilizado. O melhor caminho para o cuidador é dar soluções e permitir que a pessoa idosa reflita e participe de suas decisões, sentindo-se mais autônoma. Além disso, para o idoso não sentir-se tolo e incapaz, é aconselhável sempre argumentar com ele.
O bom cuidador de idoso é aquele que de fato se interessa por quem ele está zelando, mostra interesse em sua história, gostos e necessidades, e demonstra afeto através de gestos e atitudes. A gentileza e paciência devem ser qualidades inerentes ao cuidador, e todas suas ações devem ser feitas com delicadeza e afeto.