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Neuroplasticidade na 3a Idade

Há algum tempo, acreditava-se que nosso cérebro não se modificava depois que se tornava adulto e que era imutável e que após seu desenvolvimento, tornava-se uma estrutura rígida, e que as lesões nele seriam para sempre, pois suas células não poderiam ser reconstituídas ou reorganizadas.

Porém, muitos estudos provam ao contrário, que o sistema nervoso central (SNC) tem grande adaptabilidade e que, mesmo no cérebro adulto, há uma tentativa de regeneração, mesmo em perdas neurocognitivas graves. Isso se deve graças a neuroplasticidade cerebral.

A neuroplaticidade, também conhecida como plasticidade neuronal, é a capacidade do cérebro se adaptar às mudanças por meio do sistema nervoso. Trata-se da habilidade do cérebro de reorganizar os neurônios e os circuitos neuronais, moldando-se a níveis estruturais por meio de aprendizagem e vivências. A neuroplasticidade permite que os neurônios se regenerem e que sejam criadas conexões sinápticas ( meio de comunicação entre os neurônios).

A plasticidade neuronal, não ocorre somente em pessoas com lesões graves, esse processo ocorre o tempo todo, em todas as pessoas. È um processo involuntário do corpo que traz benefícios no dia a dia.

Sabemos que durante o processo de envelhecimento ocorrem várias alterações nos indivíduos, estando entre elas as neurológicas, cognitivas e comportamentais. A alteração neurológica mais comum é a diminuição da velocidade de processamento das informações. Nas funções cognitivas há uma declínio da memória, atenção, concentração, percepção e funções executivas. No âmbito comportamental, pode aparecer sintomas de depressão, irritabilidade, quadros ansiosos e insônia.

Alguns estudos mostram, que as aptidões cognitivas atingem os seu pico por volta dos 30 anos, e continuam estáveis até os 50-60 anos, e a partir destas idades começam a diminuir, e o declínio acelera depois dos 70 anos.

O envelhecimento normal, é marcado pela presença de déficits cognitivos, que devem ser cuidadosamente acompanhados, no sentido de se perceber a sua evolução e impedir para quadros mais graves. Por isso, é muito importante que se faça estimulação cognitiva, para que nosso cérebro faça novas conexões sinápticas e que desenvolva mais neuroplasticidade.

E como podemos fazer novas estimulações neurônais? Pode parecer difícil e complicado, mas é possível buscar alternativas como fazer: atividade física, recreativas, culturais, ler, escrever, aprender alguma atividade que desperte interesse e manter algum convívio social.

Portanto, a formação de novos neurônios continua mesmo quando somos idosos. A velha crença de que nascemos com um determinado número de neurônios e que ao longo da vida não fazemos mais que perdê-los é falsa. Sim, sabemos que há um declínio da neuroplasticidade, mas o nosso cérebro continua sendo em grande parte mutável, mesmo na velhice, está demostrada a capacidade do cérebro aprender.

A estimulação neurocognitiva, traz inúmeros benefícios para o sistema nervoso, dentre eles a melhora da cognição, o aumento da plasticidade e aprendizagem, além de um efeito protetor em relação ao declínio mental decorrente do envelhecimento e de lesões do sistema nervoso. Quanto mais treinamos o cérebro mais o protegemos de danos neurais e também isso ajuda a remoldar as funções cerebrais e possibilita recuperar habilidades perdidas.

Encontrar uma forma prazerosa de treinar as habilidades que sofrem declínio com o passar dos anos pode ser o diferencial que possibilitará o idoso literalmente divertirse enquanto se cuida, permitindo-se usufruir sem culpa, peso ou pressão.

Porém, a inserção de idosos em grupos de suportes sociais, de lazer ou de alguma atividade intelectual ou física, proporciona uma mudança significativa na qualidade de vida, impactando diretamente na melhora de suas funções cognitivas, neurológicas e comportamentais.

Autora: Patricia Weisman- Psicóloga / Neuropsicóloga