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A importância do cuidador de idosos na doença de Parkinson

O Parkinson é  uma doença neurodegenerativa causada por lesões difusas dos gânglios basais (estruturas relacionadas com os movimentos, embora não enviem conexões diretamente para a medula espinhal ou nervos cranianos) e do córtex cerebral (a camada externa do tecido neural que temos no nosso cérebro). A prevalência da doença de Parkinson aumenta com o avançar da idade, afetando um em cada  1.000 indivíduos acima de 65 anos e um em cada 100 após os 75 anos.

Os sinais e sintomas de Parkinson são tremores, rigidez, lentidão dos movimentos e comprometimento dos reflexos posturais.  Ocorre uma alteração de marcha com passos rápidos e curtos. Há uma dificuldade em iniciar e também em cessar a marcha, acompanhada de uma grande instabilidade associada à inclinação do tronco, o que provoca quedas.

Não somente pela doença, mas também pelo uso de medicamentos específicos utilizados, ocorrem alterações cardiovasculares como arritmias cardíacas e hipotensão. A falta de apetite, a disfagia (alteração na deglutição), lesão hipotalâmica ( no hipotálamo, ou nosso “liberador de hormônios”) e o quadro depressivo são comuns no idoso com Parkinson. Quanto ao trato gastrointestinal, ocorrem freqüentes constipações. Os  efeitos das medicações, o próprio quadro da doença, a depressão, as disfunções autonômicas, e a alteração da imagem corporal acabam levando o idoso, muitas vezes, a uma dependência para atividades de vida diária e de higiene pessoal.

A depressão ocorre em aproximadamente 40% dos pacientes com doença de Parkinson, contribuindo para maior incidência de déficits cognitivos. Ocorrem algumas manifestações presentes na doença de Parkinson tais como: dificuldade de concentração, aprendizado e compreensão; alteração da fala, da voz, da articulação de palavras e deglutição; e demência caracterizada pela lentificação cognitiva e motora, associadas a distúrbios de memória. Estas alterações afetam a  qualidade de vida do idoso, e acarretam limitações em suas atividades e independência funcional.

Frente à situação apresentada em um indivíduo com Parkinson, podem ser necessárias condutas farmacológicas e cirúrgicas, bom como uma abordagem multidisciplinar para alcançar a manutenção da funcionalidade geral e da qualidade de vida do idoso. É importante que diferentes profissionais da saúde atuem em conjunto : médico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, nutricionista, psicólogo. 

É necessária também  a atuação do cuidador, pois a doença compromete o idoso em algumas atividades da vida diária e, em decorrência da progressão da doença, ocorre um declínio funcional que o torna cada vez mais dependente.

No Brasil, os cuidadores são na maioria familiares e principalmente mulheres que residem normalmente no mesmo domicílio. O cuidado ao idoso dependente é normalmente indicado com a finalidade de redução de custos hospitalares e institucionais, que são elevados, além de promover um maior bem estar do idoso, que fica em sua casa. 

Entretanto, a maioria dos cuidadores informais é desprovida de orientações adequadas em relação à patologia que está abordando, sem conhecimento das complicações e sem informações a respeito da melhor assistência que pode ser oferecida para seu ente querido. 

Para o  enfrentamento da doença de Parkinson, que traz uma série de complexidades em seu tratamento e limita o idoso em suas atividades de vida diária, o ideal é ter um cuidador capacitado para apoiá-lo no que for preciso.

Atividades físicas para o idoso com Parkinson

Apoiar o idoso com Parkinson em atividades físicas também é papel do cuidador. Estudos recentes mostram que os idosos com Parkinson apresentam ganhos na prática de atividades físicas. 

Idosos acima de 65 anos com Parkinson, quando praticam regularmente atividade física de intensidade moderada a alta, apresentam melhoras cognitivas. Mesmo aqueles que já apresentam algum nível de comprometimento cognitivo.

As atividades aeróbicas melhoram as funções executivas, e atividades de resistência estão relacionadas à melhoria de memória. O idoso com Parkinson que caminha 3x por semana pode voltar a realizar algumas atividades para as que já precisasse de auxílio  como, por exemplo, fazer a própria barba, escovar os dentes, e passear com seu bicho de estimação. O cuidador passa então a atuar apenas na supervisão destas tarefas, para que nada aconteça. 

Fato é que a prática física no idoso Parkinsoniano melhora suas funções executivas e a memória. Porém, é necessário que alguém o estimule a praticar. A doença, na maioria das vezes, deixa o idoso deprimido e desmotivado. Se não houver um cuidador que o incentive constantemente a realizar as atividades, ele certamente não o fará. E o sedentarismo e  a ociosidade aumentam o risco de desenvolver demências e declínio cognitivo.   

O cuidador de idoso com Parkinson que se preocupa com o seu bem-estar e tem conhecimento da importância da prática de atividades físicas deve aconselhar o idoso e seus familiares a investir na contratação de um educador físico especializado em terceira idade. Em caso de ser oneroso para o orçamento familiar, o cuidador deve estimular o idoso a caminhadas diárias, sempre com orientação e aval médico.